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É urgente deixar que as crianças sintam o sabor da derrota!

Temos por hábito treinar as crianças para serem as mais populares, as mais inteligentes, as melhores no desporto, as mais capazes, assim, constantemente premiamos os melhores, temos ranking’s para o melhor aluno, o campeão do futebol, a melhor nadadora. A sociedade está organizada, de forma a, valorizar sempre o melhor ou o vencedor. Por si só, darmos valor às vitórias das crianças é bom, mostramos-lhes o nosso reconhecimento e damos-lhes um impulso que lhes mostra que estão a ir no sentido correcto e que devem continuar, no fundo, damos uma dose extra de autoestima às crianças. E, assim, de vitória em vitória, a criança sabe que está no caminho certo e sente o bom sabor do sucesso.


Mas, é importante mostrar-lhe o outro polo, preocupa-nos que, muitas vezes, ninguém pareça reunir muitos esforços para ensinar as crianças a lidar com a derrota, como se valorizássemos todas as vitórias e chutássemos para canto todas as derrotas. Não é estranho que, por exemplo, depois de uma vitória no campeonato de natação os pais não falem de outra coisa quando vão jantar a casa dos avós, ou dos tios, como se fosse perfeito mostrar aquele troféu à família, mas quando a criança perde, habitualmente, evitam falar sobre o assunto, como se de um tabu se tratasse. Assim, não damos espaço à criança para integrar a derrota, para saber aceitar que nem sempre pode ser a melhor.


Desta forma, acabamos por passar-lhe a mensagem de que perder é mau, que não se deve partilhar as derrotas e que com uma derrota só pode vir uma sequência de fracassos. A verdade é que nenhum pai ou criança gosta de perder, mas é fundamental aprender a perder e saber usar uma derrota, ou um fracasso, como uma oportunidade. Mas, é importante que os pais e educadores estejam atentos, pois, regra geral, nenhuma criança é capaz de aprender a perder ou a gerir um fracasso, sem o vivenciar e sem ter uma figura de referência que a ajude a pensar. É essencial mostrar à criança, que uma derrota não significa que é burra ou incapaz, mas sim que chegou a hora de se reinventar, de usar a imaginação e de tentar de outra forma.


A verdade é que, uma criança que cresce sem experienciar a derrota, sem aprender a perder, tende a ficar mais ansiosa e mais agitada, menos tolerante à frustração, perante as contrariedades e será um adulto menos capaz de reunir recursos eficazes perante as contrariedades. Ora, imaginemos por exemplo, uma criança que nunca teve uma negativa em todo o seu percurso escolar, e que quando chega à faculdade chumba no exame, esse adulto nunca lidou com essa dificuldade e não aprendeu que é possível dar a volta e, não raras vezes, vemos excelentes alunos, a viver a faculdade com grande ansiedade, por não saber gerir essas derrotas.


Quando ensinamos uma criança a saber aceitar um fracasso ou uma derrota, estamos a criar-lhe um espaço de aprendizagem que lhe permite re-pensar e re-inventar-se colocando em acção todos os seus recursos, isto é, levando-a a uma reestruturação para conseguir vencer futuramente.

Assim, gostamos de pais que não viram a cara a uma derrota, que, com coragem, ensinam que uma derrota, ou um fracasso, não é sinónimo de nunca mais ser capaz, mas sim de construir a capacidade de ir à luta com mais garra.




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