Sermos capazes de ser prestáveis e simpáticos uns com os outros é essencial para que se estabeleçam relações saudáveis e positivas. No entanto, na ânsia de se ser prestável, algumas pessoas, acabam por ser extremistas e se alimentar apenas da forma como estão disponíveis para atender às necessidades dos outros, procurando a todo o instante resolver problemas e corresponder a tudo aquilo que são os objetivos de quem está à sua volta. Neste sentido, estas pessoas sentem que o papel de ‘salvador’ - na medida em que estão disponíveis para todos os problemas - é o único no qual se reconhecem.
Quando falamos desta necessidade extrema de estar sempre a prestar auxílio e a resolver os problemas dos outros, regra geral, estamos perante pessoas que procuram relações com pessoas que sentem como mais frágeis, para que possam ter a sua necessidade interna de ajuda sempre satisfeita. O grande problema deste tipo de pessoas, é que acabam por se esquecer das necessidades delas próprias e ‘empurram-se’ consecutivamente para segundo plano.
Acresce que, além de não terem a capacidade do seu próprio autocuidado, tendem a sentir-se permanentemente injustiçadas, porque mesmo que, quem está à sua volta se esforce para ajudar nas situações necessárias, quem passa pela síndrome do salvador sente que a ajuda nunca é verdadeiramente suficiente e o esforço que os outros fazem para os ajudar, nunca está à altura do seu próprio esforço na relação com o outro.
Esta dinâmica acaba por, invariavelmente, trazer consequências ao bem-estar e à estabilidade de quem sente que permanentemente deve ser um ‘salvador’. Assim, fica claro que, quem vive com a necessidade permanente de ser um ‘salvador’, precisa de dedicar tempo ao reforço da sua segurança interna, de aprender a estabelecer os seus limites na relação com os outros e de saber priorizar-se. Pois, só quando estes três pilares estão bem definidos, é possível abandonar a síndrome do salvador.
O essencial é que nos sintamos livres para ajudar e corresponder às necessidades de quem está à nossa volta, sem que estejamos permanentemente a fugir de corresponder às nossas necessidades e sem que precisemos de nos adulterar para garantir o bem-estar dos outros.
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