Todas as crianças são únicas e todas as crianças, à sua maneira, interagem e relacionam-se de forma diferente. E, por isso mesmo, é essencial respeitarmos o desenvolvimento e ritmo de cada criança, permitindo a cada criança que seja ela própria, de forma a, expressar-se com autenticidade seja de uma forma mais energética, seja de uma forma mais tranquila.
Apesar disso, há alguns sinais e reações que são indicadores claros de que uma criança está em sofrimento emocional e de que precisa de ajuda. Um desses indicadores prende-se com a agitação das crianças que, quando existe de forma exponenciada, deve ser tida em consideração como um sinal de alerta, que precisa de intervenção e de estratégias imediatas e adaptadas à criança.
No entanto, quando falamos de agitação facilmente desvalorizamos os sinais porque tendemos a considerar que se trata de uma criança energética e com ‘muita vida’ e isso nunca é um sinal de alerta, pelo contrário, energia é um sinal de saúde mental.
Portanto aquilo que é mais importante é aprendermos a diferenciar uma criança energética de uma criança agitada. Assim, uma criança energética é uma criança que é capaz de rir com o corpo todo, que é capaz de se expressar de forma enfática e que, ao mesmo tempo, perante aquilo que está a vivenciar também é capaz de estar tranquila e de agir sem precisar de estar permanentemente em ação. Já uma criança agitada é uma criança que está permanentemente em sobressalto emocional, isto é, que parece nunca conseguir expressar-se emocionalmente, que acaba por nunca conseguir concentrar-se numa atividade, que parece nunca conseguir permanecer corporalmente sossegada, ou seja, que se não estiver a correr, está a abanar os pés, a roer as unhas ou às cambalhotas, num registo de inquietação e agitação física e mental permanentes.
Assim, uma criança agitada esconde sempre um grande ruído interno que se traduz em sofrimento emocional, ou seja, há nestas crianças um conjunto de necessidades e fragilidades emocionais que não conseguem encontrar um lugar para se expressar pela palavra ou pelo pensamento, por exemplo, e acabam por ter de se expressar pelo corpo.
Isto acontece, porque tudo aquilo é o nosso mundo emocional, tudo aquilo que são os nossos conflitos internos, precisam de encontrar um lugar para se expressar, quando esse lugar não existe através das palavras e do pensamento, uma criança torna-se agitada e toda a sua performance escolar e social, por exemplo, entra em défice. Sendo, por tudo isto,muito importante, que possamos estar atentos às crianças à nossa volta que as ensinemos a sentir, a expressar aquilo que sentem e a atribuir significados claros a tudo aquilo que vão sentindo quer emocionalmente, quer relacionalmente. Só assim, diminuímos a agitação interna e criamos espaço para que uma criança viva em sintonia com o seu mundo interno, com as suas emoções e com as suas relações.
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