Ser mãe é, muitas vezes, a realização de um sonho, uma experiência de comunhão e amor única e singular que, ao mesmo tempo, que é desafiante, consegue ser reconfortante e, em algumas circunstâncias, reparadora.
Mas, muitas vezes, as mães parecem resguardar-se nesse amor maior que só um filho parece ser capaz de lhes dar. E, mais vezes do que aquilo que desejaríamos, vemos mães que se sentem um bocadinho ‘magoadas’ na relação com a vida, com o amor e com o Ser mulher, assim, um filho acaba por se transformar, em tudo aquilo que uma mãe tem como esperança e expectativas.
E, aos bocadinhos, ao mesmo tempo que se tornam mães, parecem afastar-se um bocadinho de si próprias. Como se, todos os seus sonhos e a sua identidade se tivessem esbatido para dar lugar ao papel de mãe, como se, se sentissem incapazes de conjugar a pessoa que são com a maternidade. Mas, mais difícil que este sentimento de a certa altura não conseguir conjugar o papel de mulher, com os seus sonhos e com o papel de mãe, é vermos que algumas mães parecem ter medo de dar vida a todas as suas facetas depois de serem mães, como se, sentissem que a sociedade reprova os seus rasgos mais espontâneos que vão para além das exigências da maternidade.
Nestas circunstâncias, aquilo que uma mãe faz é depositar todos os seus sonhos nos filhos, e esperarem que eles cumpram tudo aquilo que elas não conseguiram atingir, estas expectativas estendem-se ao mundo académico, ao mundo profissional, ao desporto e até às relações que esperam que os filhos estabeleçam ou não. E, é importante não perdermos de vista, que este movimento, não é saudável nem para as mãe nem para os filhos que, a certa altura, sentem que façam o que fizerem parecem bater sempre ao lado daquilo que a mãe esperaria. E, neste novelo de expectativas, os próprios filhos calam os seus apelos mais espontâneos, porque, no limite, querem apenas corresponder aos desejos da mãe. A certa altura, as mães e os seus filhos, acabam por se afastar cada vez mais, dificultando a relação que têm entre si.
As mães, só precisam de ter dentro de si a certeza que são tão melhores mães quanto mais se conectam consigo próprias, quanto mais dentro de si conseguem dar vida à sua essência enquanto mulher, à sua relação, à sua profissão, às suas amizades e claro ao seu papel enquanto mães. Um dos grandes desafios da maternidade é precisamente continuar a conseguir dar vida a todas as suas facetas, o que faz uma mãe ser mais completa, mais realizada, mais feliz e abre espaço a que permitam que os filhos dêem vida aquilo que eles são de verdade, sem terem que ir apenas no caminho das expectativas da mãe.
E, não duvidem, as crianças são tão mais felizes e têm tão mais espaço para ser crianças, quanto mais realizadas e completas se sentirem as suas mães. Em cada mãe, há espaço para o amor, para a vida e para os filhos, de forma simples e completa.
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