As famílias, para o bem da humanidade e descanso de todos nós, são qualquer coisa como uma muralha forte e resistente a todas as tempestades que a possam afetar. E acreditamos que é essa muralha que nos segura por dentro, que nos dá a alavanca para para nos desenvolvermos e sermos a melhor versão de nós próprios.
É ao colo da família que aprendemos a Ser e a fazer, é pelo colo da família que caminhamos em todas as nossas conquistas. Há várias formas de ser família, há várias formas de viver a família e é nessa diversidade que reside a autenticidade das famílias e a sua maior grandiosidade, cada uma pelo seu jeito de ser, torna-se um património de continuidade entre gerações, pelas suas histórias, pela forma como são capazes de consolidar em si mesmas impérios de amor, de segurança e de acção.
Claro que toda esta grandiosidade que reside em cada família, não fica à margem do conflito, não fica à margem da tensão, porque é precisamente à família que exigimos mais, que cobramos mais. Desafiamos a família, porque acreditamos nela e no seu valor, na busca de se tornar cada vez melhor, cada vez mais uma muralha protetora, mas, ao mesmo tempo, cheia de janelas para nos alavancar para o mundo à nossa volta. Por isso, quando falamos em família os conflitos não ficam à margem, pelo contrário, numa família há lugar ao conflito, há lugar à troca de ideias, há lugar à expressão da identidade de cada um e há lugar ao crescimento de cada um individualmente e de todos no global.
E, sempre que assim não é, temos famílias em apuros, que não abrem lugar ao conflito, e acabam por ‘amuar por dentro’, não havendo espaço para cada um se expressar e, aí, os laços começam a tornar-se nós e, é aí que surgem as piores versões das famílias. Que no limite continuam a ser muralha, mas uma muralha nos aprisiona, que não nos permite voar, sonhar e existir de forma plena. Estas famílias, regra geral, continuam a ter amor, mas a par do amor, porque a sua história foi alvo de muitos desencontros e, por vezes, até maus-tratos, perdem a essência do que é ser família e, nestas circunstâncias, precisam de ajuda, precisam de alguém que os desconstrua, que os ajude a pensar-se e a reinventar-se, resgatando o amor e curando as feriadas. E, aqui, mais do que muralhas precisamos de pontes, pontes que liguem as famílias a uma ajuda eficaz e reestruturante, que as levem ao lugar em que podem ser famílias em pleno.
E que nunca nos esqueçamos que uma família é amor, e, com amor crescer é sempre possível. Sempre que assim é, uma família deve ser celebrada, porque as famílias, tal como a muralha da China, deviam ser eleitas uma das sete maravilhas do mundo, pois, não fossem as famílias, seja do jeito que for, e todos nós estaríamos mais desprotegidos e menos capazes de viver e sonhar.
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