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Educamos para a igualdade?

Vamos contar-vos um episódio, no outro dia, fomos assistir a um jogo de hóquei em patins de seniores masculinos, daqueles da 1ª divisão, cheios de emoção, e com os nervos à flor da pele. Era um jogo diferente do habitual, um dos dois árbitros que estavam no centro do pavilhão, era uma mulher. Existiram golos, existiram faltas, existiram calafrios por quase golos, no entanto, houve algo que não estávamos à espera de ouvir. Já quase no final do jogo, a árbitra apita para assinalar uma falta. E, imediatamente, salta um senhor muito exaltado com a falta, que grita: ’vai é lavar loiça’. Todos nós já dissemos coisas exaltadas e estapafúrdias no calor do momento, mas o que nos preocupa, é que na realidade, isto é o que acredita uma grande maioria das pessoas, que a mulher que estava a arbitrar bem podia estar em casa a lavar a loiça, e que a arbitragem devia estar exclusivamente destinada aos homens. Este é um dos exemplos, que nos alerta, para a desigualdade entre as mulheres e os homens, e está é uma preocupação cada vez mais urgente.


Sabemos que há crenças que culturalmente estão enraizadas, no entanto, ficamos apreensivas, pois uma grande quantidade de crianças que estavam a assistir ao jogo e diariamente, não só em contexto desportivo, como no seu dia-a-dia, continuam a crescer com estas crenças. Assim, crescem com a concepção que a desigualdade - nos seus mais amplos contextos - é normal. Não são educadas para os valores, para se questionarem, para respeitar o outro, e, assim, continuamos a criar uma sociedade desigual que promove a violência, ora contra as mulheres, ora contra os mais desfavorecidos e mais frágeis.


Se queremos igualdade, temos de educar para a igualdade e temos de praticar a igualdade no nosso dia-a-dia, pois continuamos a ver meninos a menosprezar meninas, continuamos a ver crianças bater sistematicamente noutras crianças, porque os sentem como mais frágeis, continuamos a assistir a violência doméstica, em qualquer dos sentidos. E no fundo, tudo isto é reflexo de violência. Preocupa-nos que cada vez mais, assistamos, nos mais diversos contextos, a violência de forma clara e manifesta, que em nenhuma circunstância é positiva ou protetora.


Trata-se de termos consciência que as crianças absorvem tudo aquilo que vivenciam e se, por exemplo, apenas dizemos que o mundo deve ser igual para meninos e para meninas, e não o colocarmos por acções, continuaremos sistematicamente a assistir a desigualdades. É importante que as meninas também possam jogar à bola e os meninos brincar aos pais e as mães, se for esse o seu desejo. É importante que a violência doméstica - quer sobre homens quer sobre mulheres - seja amplamente punida e que haja medidas de protecção robustas a todas as crianças que assistem a esses episódio. É importante que, em cada criança, haja a noção que todas as outras, independentemente, de serem meninos ou meninas, independentemente da classe social ou etnia, têm direitos e têm valor.


E é importante que todos nós exerçamos uma função reguladora e protetora sempre que assistimos a episódios de discriminação ou violência em qualquer que seja o contexto. Só assim, podemos almejar um futuro igual para todos.




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