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Foto do escritorEscoladoSentir

Será que se pode ser criança, nesta nova escola?

Setembro trás consigo sempre qualquer coisa de mágico, porque nos permite o reinicio, traçar novos objetivos e conquistas e para as crianças representa a sua ‘festa de ano novo’, carregada de algum aborrecimento pelo fim das férias, mas muito entusiasmo por rever os amigos.

Este ano a ‘festa de ano novo’ das crianças vem envolta em muito nevoeiro, quer para as crianças, quer para os pais. Assim, num panorama absolutamente atípico, vamos iniciar um novo ano letivo sem sabermos muito bem como tudo vai funcionar. A única coisa que todos temos a certeza é que, em última instância, queremos sempre proteger a saúde quer física, quer emocional das crianças. Mas, será que estamos a tomar medidas que o consigam assegurar?

Há um conjunto de decisões essenciais que pertencem aos agrupamentos de escolas. No entanto, de todas as hipóteses que se tem falado acerca do novo ano lectivo, há um factor que nos preocupa com especial relevo, a possibilidade da diminuição do tempo de intervalos.


Ora, por muito que queríamos proteger as nossas crianças de um contexto pandémico, não podemos ‘atropelar’ tudo aquilo que exige ser criança e tomar medidas que poderão ser absolutamente prejudiciais ao seu desenvolvimento, ao seu rendimento escolar e, inclusive, à sua saúde. E, menos faz sentido esta medida, quando em espaço de sala de aula continuamos a permitir turmas completas - e todos sabemos que as turmas não têm tendência a ser pequenas - e num intervalo, tendencialmente, ao ar livre, não podemos deixar as crianças estarem por mais de 5 minutos.

Já em contexto normal, os intervalos que as crianças usufruem não lhes permite o tempo suficiente brincar, ou, simplesmente descansar. Se os reduzirmos para 5 minutos, considerando que no intervalo a criança, vai à casa de banho, lancha e brinca. Como poderá fazer tudo isto em 5 minutos? E, mesmo que, num acto de glória, uma criança conseguisse fazer tudo isto em 5 minutos, com apenas 5 minutos de descanso, como lhe podemos exigir que, a seguir, consiga estar concentrada em sala de aula?


O ano letivo que terminou foi um teste de guerra quer aos alunos, quer aos pais, quer aos professores, e heroicamente conseguiram-se absolutos milagres por parte das famílias e das escolas, assegurando a educação de uma forma até então inimaginável.


Por este esforço heróico feito por todos, e como forma de reconhecimento, é urgente que todos se alinhem nas medidas preventivas e que estas sejam tomadas com a seriedade que merecem. E, principalmente, que, ao mesmo tempo, que asseguram e protegem a saúde de todos, permitam assegurar a aprendizagem e o correto desenvolvimento das crianças, sem que, à custa disso, levemos todos, de novo, à exaustão.

Que este Setembro, possa continuar a trazer magia ao coração das crianças, que o novo ano letivo - apesar de desafiante - consiga trazer pelo menos tranquilidade ao coração dos pais e coragem ao coração dos profissionais da educação, que estarão na linha da frente pelo futuro de toda uma geração.


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