Os pais - mesmo que procurem evitar - têm sempre expectativas sobre os filhos, sobre aquilo que desejam que eles se tornem enquanto pessoas, enquanto adultos e enquanto seres em relação. E ter expectativas só por si, não é um entrave ao bem-estar e ao crescimento pleno dos filhos.
Aquilo que se pode revelar um verdadeiro entrave, é quando os pais projectam em massa essas expectativas na relação com os filhos. Nestas circunstâncias, as expectativas dos pais, acabam por se sobrepor aos desejos, objetivos e sonhos dos filhos e impedi-los de crescer na direção que sentem que é a sua.
Quando isto acontece, temos, por norma, crianças e adolescentes, que acabam por exercer um controlo muito grande sobre si próprios e sobre aquilo que pensam e sentem, para garantir que vão corresponder às expectativas dos pais e que nunca os vão desiludir. Situação que gera uma alta tensão para estas crianças e adolescentes e que tende a anular a sua espontaneidade e autenticidade.
Assim, é essencial que perante as expectativas que os pais, invariavelmente, têm sobre os filhos, haja mais espaço aos sonhos e objetivos dos filhos do que às expectativas dos pais.
As expectativas dos pais podem funcionar como uma bússola orientadora que ajuda os pais e os filhos a localizarem se estão a crescer alinhados com os valores certos, mas nunca pode ser utilizada como uma âncora que prende os filhos às expectativas dos pais, sejam elas profissionais, sociais ou relacionais.
Este é um dos grandes desafios da parentalidade, os pais conseguirem, com tolerância e flexibilidade, permitir que os filhos cresçam na direção que o seu interior lhes diz, com a segurança do colo dos pais e a alavanca que uma família segura pode dar a um filho.
Sendo que, quanto mais os pais forem capazes de fazer este exercício, mais os filhos se sentem capazes de confiar nos pais aquilo que é a sua realidade interna, aquilo que são os seus próprios sonhos e as conquistas que querem alcançar.
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