O fim de uma relação amorosa e o consequente divórcio são por si só difíceis de gerir, implicam muitas vezes sofrimento e ansiedade. Quando este cenário se dá na presença dos filhos tudo se torna mais complexo e, não só queremos ultrapassar esta fase da melhor forma possível, como desejamos que as crianças não sejam negativamente impactadas por todas emoções e as alterações inerentes a um divórcio.
Por isso, nessas circunstâncias, é muito importante que os pais, apesar do fim da sua relação amorosa, se permitam a alinhar enquanto família e que, procurem:
1 - Dar espaço ao sofrimento de cada membro do casal - antes do divórcio se efetivar e ser partilhado com as crianças, o casal já sabe que ele vai existir. Nessa fase é essencial que exista espaço individual para cada membro do casal, para que possam ter tempo para si, libertar-se da dor e de tudo aquilo que de menos bom possa estar associado à separação. Para que, posteriormente - em conjunto - consigam amparar a dor dos filhos.
2 - Comunicar com clareza às crianças - é essencial que esta conversa seja tida na presença de ambos os pais, que de forma muito clara e afetuosa comuniquem às crianças a separação e lhes dêem espaço para se expressarem, seja chorar, revoltarem-se ou simplesmente espaço para o silêncio. E, depois, de forma tranquila, devem comunicar as novas rotinas e a nova dinâmica familiar.
3 - Acolher a dor da criança - no período que se segue ao divórcio, é muito importante que as crianças sintam espaço para se expressarem, e sintam que há um colo que é capaz de acolher a sua dor, a sua tristeza ou a sua revolta. Muitas vezes, porque a separação implica muita dor para o próprio casal, os pais procuram fugir da dor dos filhos, no entanto, é absolutamente essencial que sejam colo de forma ativa.
4 - Manterem-se pais a tempo inteiro - ambos os pais devem continuar a sê-lo a tempo inteiro, uma criança precisa de estar segura que mesmo que não veja o pai, ou a mãe, todos os dias eles estão lá como um pilar firme e robusto. Por isso, é essencial que a criança tenha contacto com o pai em casa da mãe e vice-versa. Da mesma forma que a criança deve sentir que todas as decisões importantes sobre si são tomadas em uníssono pelos pais.
5 - Evitar culpabilizar - perante o divórcio, os pais não devem culpabilizar-se mutuamente, e - mesmo que um dos pais tenha sido o elemento que precipitou o fim da relação - é importante que na perspetiva da crianças seja apenas um “tomamos esta decisão, em conjunto, porque sentimos que é o melhor para a nossa família”. No fundo não queremos que a criança associe a separação apenas a um dos pais e que, por isso, a relação com esse pai seja condicionada. Aquilo que precisamos de nos lembrar é que independentemente das guerras entre o casal, os filhos têm direito à imagem protegida de ambos os pais. Para além disso, é importante que a própria criança não se sinta culpada pela separação e que se esse fantasma surgir no coração da criança, os pais fiquem atentos e procurem desconstruí-lo para que a criança não fique presa a uma culpa que não é sua.
Perante tudo isto, devemos sempre lembrar-nos que apesar de um divórcio trazer à partida, dor e mágoa para ambos os pais. Não tem necessariamente de ser traumático para uma criança, desde que seja gerido com maturidade, sensatez e muito amor por parte dos pais.
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