Uma das características das crianças que mais preocupa os pais, é a falta de tolerância à frustração, como se, a certa altura tivéssemos sempre a ideia de que se não for no sentido que as crianças querem, elas não aguentam essa frustração e, em consequência, têm comportamentos que não só zangam como preocupam os adultos, como às birras ou os amuos, por exemplo.
A verdade é que ensinar uma criança a ser capaz de - perante uma contradição, uma derrota ou um imprevisto, por exemplo - tolerar a frustração é uma das melhores aprendizagens que lhes podemos dar. Uma vez que essa aprendizagem prepara uma criança para a vida nas mais diversas versões, nomeadamente, prepara-a para adolescência, para o mundo académico para o mercado de trabalho e para as suas relações. Contextos onde - quer queiramos, quer não - uma criança ou um adulto, terá sempre frustrações e contrariedades.
Por isso, desde muito pequeninos que as crianças devem ser ensinadas a olhar para as suas emoções, para as suas vivencias e a aprender a tolerar as suas frustrações.
No entanto, é importante termos consciência que tolerar as frustrações não é sinónimo de aceitarmos tudo o que nos acontece, sem nos mobilizarmos para a mudança ou simplesmente não termos a garra de lutar pelo que queremos de “ir a jogo” e de vencer.
Ser capaz de tolerar a frustração implica, que uma criança seja capaz de:
Em primeiro lugar, aceitar que não será sempre a melhor ou a vencedora, que tem partes frágeis e que isso não significa que seja incapaz ou incompetente.
Em segundo lugar, implica que uma criança seja capaz de ter a gestão emocional necessária para integrar a fragilidade, a derrota ou o imprevisto e conseguir em tempo real dar significado ao que sente, de forma a que, não se dê a ‘quebra’ emocional.
Em terceiro lugar, implica que uma criança tenha garra para, depois do momento de frustração, ser capaz de perceber o que falhou e mobilizar-se com energia para, da próxima vez, ser capaz de sair vencedora ou de ter um melhor desempenho.
Assim, é essencial termos consciência que uma criança irá sempre ter frustrações e que nunca deve anular essas frustrações e fingir que elas não acontecem. No caminho de aprender a ser tolerante às frustrações é essencial que os pais permitam que uma criança se frustre e que vá encontrando os mecanismo certos - muitas vezes, por tentativa e erro - para conseguir ser capaz de gerir a sua frustração. Se a par disto, os pais forem sendo capazes de aplicar linguagem emocional e direcionar a criança no sentido de transformar - tendo em conta tudo o que implica ser tolerante à frustração - teremos, seguramente, crianças cada vez mais capazes e mais felizes.
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