Os pais são o melhor do mundo para as crianças, é como se fossem assim uma entidade superior comparando com todas as outras. Mas, quando o pai e mãe se separaram, como fica a criança? Qual é o seu lugar?
Ora, por entre uma discussão e um fazer de malas, uma criança muitas vezes sente-se apenas sozinha. Quando, de repente, uma criança é confrontada com a separação dos pais, pode acontecer que reaja de várias formas, sendo que, não raras as vezes, reagem com indiferença, raiva ou tristeza. Isto é, ou a criança reage com uma aparente indiferença, como quem diz “não tenho nada a ver com a vossa vida, não quero saber”, ou reage com uma revolta canalizada para os progenitores, como quem diz “vocês são culpados de todos os males e é uma injustiça”, ou, em alternativa, a criança reage cheia de efeitos especiais, com choro e uma tristeza profunda, como o quem diz “se se separarem a minha vida acaba e nunca mais vou ser feliz!”.
Perante tudo isto, nem o pai, nem a mãe se devem sentir fragilizados e voltar atrás numa decisão tão importante e tão pensada como um divórcio. Sim, porque quem se divorcia, não o faz de ânimo leve, habitualmente é uma decisão pensada e repensada. Nunca os pais devem evitar uma separação apenas com a ideia de que é melhor para as crianças. Pois, um pai e uma mãe com uma má relação entre si, serão seguramente piores pais, do que, um pai e uma mãe que, com sensatez e cuidado, decidem divorciar-se, tornando-se assim, mais felizes cada um deles a nível pessoal e, por consequência, melhores pais. Sim, porque os pais são tão melhores, quanto mais tempo tiverem para si e mais felizes forem, enquanto pessoas. Apesar de quando nasce um filho, os pais sentirem que aquele filho pode representar todo o mundo para eles, nunca, se devem esquecer da sua individualidade, e de cuidarem de si, isto, se querem ser bons pais.
Desta forma, o que devem fazer os pais com as reacções dos filhos ao divórcio? Devem ser capazes de aceitar e suportar a reacção da criança, isto é, é natural que a criança se zangue, ou fique triste com uma separação dos pais. Esse assunto nunca deve passar a tabu, e deve ser falado com a criança de forma a que os pais a ajudem a ligar tudo dentro dela, se a criança tiver necessidade de chorar ou temporariamente ficar triste, devemos permitir-lhe que o faça e que expresse tudo aquilo que está a sentir relativamente à nova situação familiar.
Ora, assim sendo, o essencial numa separação é que a criança nunca se sinta culpada e que nenhum dos pais, ou avós, sejam culpados pela separação. Isto é, o divórcio dos pais só acontece porque os dois pais em conjunto tomaram essa decisão que nada tem a ver com o comportamento ou postura de algum dos filhos. É ainda essencial, que os pais não se culpem mutuamente, não são raras as vezes, em que o pai ou a mãe culpam o outro progenitor da separação e o fazem deliberadamente para obter uma simpatia superior dos filhos, ou a compaixão da outra figura paterna. Também nos cruzamos várias vezes, com situações em que os pais culpam os avós pelo desfecho da relação. No fundo, mesmo que efectivamente exista um culpado, o essencial é que os pais percebam que para a criança ambos são figuras de referência e como tal, todas as crianças têm o direito à uma figura parental positiva, assim, mesmo que o pai ou a mãe tenham um conjunto de características que o outro progenitor reprova, a criança tem direito à protecção da imagem dos pais. Isto é, a criança não pode ser colocada num conflito de lealdades, como quem para estar com a mãe não pode gostar do pai e para estar com pai tem de deixar de gostar da mãe. Um pai e uma mãe com sensatez, devem permitir que a criança goste e pratique o amor para com o outro progenitor. O mesmo deve acontecer perante os avós.
Assim, se os pais, reagirem em conformidade com a protecção da criança, se os pais assumirem a decisão em conjunto, sem culpas para ninguém. Se comunicarem a decisão com firmeza, com a certeza de que convictamente sabem que esta decisão é o melhor para todos e com afecto, mesmo que haja um período inicial difícil, as crianças irão aceitar, adaptar-se e compreender todos os lados da decisão dos pais e destas novas circunstâncias.
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